Alda Marco Antonio, coordenadora nacional do PSD Mulher: “A Cida e a Clarice são dois exemplos de luta que encontramos para mostrar às nossas companheiras”

 

Redação Scriptum

 

O PSD Mulher de São Paulo promoveu reunião nesta quarta-feira (31) para discutir a importância da militância feminina no cenário político brasileiro. Organizado pela coordenadora nacional do núcleo feminino, Alda Marco Antonio, e pela secretária do PSD Mulher Nacional, Ivani Boscolo, o encontro foi realizado na sede do partido na capital paulista e contou com as palestras da psicóloga e ativista Maria Aparecida Pinto, a Cida Raiz, e da educadora Clarice Barbosa, ambas filiadas à sigla. “A militância é uma luta permanente. O militante não desiste nunca de lutar. A Cida e a Clarice são dois exemplos que encontramos para mostrar isso às nossas companheiras”, afirma Alda.

Reconhecida pela atuação nos movimentos em defesa dos direitos das mulheres e da população negra, Cida ressaltou as relações entre as duas causas que defendeu em 56 anos de ativismo social. Segundo ela, o sobrenome que adotou, “Raiz”, simboliza a força de sua ancestralidade. “O movimento negro, no Brasil, começa sendo pautado pelas mulheres. Todo mundo fala em Zumbi dos Palmares, por exemplo. Mas, por trás desse movimento, quem fomentava tudo era Dandara (esposa do líder quilombola do século 17). Em 1934, foi eleita Antonieta de Barros (a primeira deputada estadual negra, eleita em Santa Catarina). A história da mulher na luta racial é muito contundente e potente, não só no Brasil”, lembra Cida, de 66 anos de idade.

A psicóloga, que concorreu ao Senado por São Paulo em 2018, quando obteve 587.819 votos, mencionou exemplos internacionais de militância feminina. Entre os casos citados por Cida está o trabalho realizado pela ex-escrava e abolicionista norte-americana Harriet Tubman (1822-1920) no século 19. “O Sul dos Estados Unidos era racista, mas o Norte não era. Essa mulher transportou mais de mil negros escravos do Sul para o Norte. Ela dizia: ‘Eu libertei mil. Poderia ter libertado outros mil, se eles soubessem que eram escravos.”

Desaparecidos

Fundadora da organização não governamental União de Mães do Brasil — Movimento Nacional de Busca a Pessoas Desaparecidas e Vítimas de Violência, Clarice Barbosa também relembrou sua trajetória nos movimentos sociais. “A União de Mães do Brasil foi a primeira ONG a confeccionar máscaras de tecido durante a pandemia de covid-19, que distribuímos nas comunidades. Entre 2020 e 2023, atendemos 504 famílias com cestas básicas e distribuímos mais de mil brinquedos para as crianças. Atendemos mais de 90 casos de desaparecidos e 12 foram encontrados”, conta Clarice.

Em 2002, a educadora ainda trabalhava como colorista de publicações infantis para grandes empresas — profissão que exerceu por 15 anos —, quando foi procurada pela mãe de um garoto de 12 anos, morador de Salvador, na Bahia.

A mulher tinha ouvido relatos de que o filho, desaparecido há cerca de um mês, havia sido levado por um motorista de caminhão. Desesperada, veio a São Paulo para divulgar o caso e pedir o auxílio de entidades que lidam com esse tipo de problema, quando ficou sabendo do envolvimento de Clarice com diversos trabalhos voluntários. “Esse caso me comoveu muito. A mãe já tinha passado por delegacias, hospitais, albergues, sem nenhuma resposta. Na época, ainda não tínhamos a ONG. Procuramos o SOS Criança e ajudamos a divulgar e a localizar”, relembra a educadora. Felizmente, o menino, que havia fugido de casa, continuou na Bahia e foi encontrado com vida um mês depois, no município de Camaçari.

Apesar de nunca ter enfrentado o desaparecimento de alguém próximo, a capacidade de se colocar no lugar do outro inspirou a educadora a abraçar a causa. Antes de criar a ONG, ela já tinha atuado como voluntária na Pastoral da Criança, distribuindo aos desnutridos a multimistura, alimento composto por farelos de arroz ou trigo, folhas de mandioca e sementes.

O currículo de Clarice na área da assistência social inclui trabalhos como professora de artes plásticas de menores internos da antiga Febem (atual Fundação Casa) e experiências nas organizações portuguesas Ajuda de Mãe, que dá apoio a gestantes, e APAV, especializada no atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica. “Fico satisfeita porque ajudei muitas pessoas nesses anos todos e sempre lutei a boa luta”, frisa Clarice.