Reportagem produzida pelo “New York Times” e republicada em diferentes veículos de comunicação, como o “O Estado de S.Paulo”, aborda história de uma cientista austríaca que teve papel importante na história da ciência, mas é pouco lembrada na atualidade: Lise Meitner, física que participou de forma significativa de uma grande descoberta do século XX, com implicações positivas e negativas para a sociedade: a fissão nuclear.
Lise graduou-se na Universidade de Viena no início do século XX, e desenvolveu seus projetos de pesquisa com cientistas de destaque nos campos da física e da química: Max Planck e Otto Hahn. Seu pioneirismo já era notável: mulheres na Áustria não eram autorizadas a frequentar a universidade, e antes de se inscrever na pós-graduação em Viena, estudara física de forma particular.
Com a ascenção do nazismo e a anexação da Áustria pela Alemanha, Lise Meitner, que era judia, se transferiu para Estocolmo, na Suécia, e depois para a Dinamarca.
O cientista Otto Hahn promoveu experimentos em Berlim, na Alemanha, a partir da pesquisa promovida conjuntamente com Lise, e esta publicou na revista “Nature”, em 1939 o resumo teórico que descrevia a fissão nuclear, em parceria com outro cientista que ficou conhecido, seu sobrinho Robert Frisch. Contudo, somente Hahn foi reconhecido com o Prêmio Nobel pelo experimento, em 1944.
O “New York Times” destaca que tal descoberta foi fundamental para o desenvolvimento do Projeto Manhattan, plano ultrassecreto dos Estados Unidos liderado por Robert Oppenheimer que levou ao surgimento das armas nucleares. O plano e a história de Oppenheimer são objeto de filme que estreou este ano nos cinemas.
A fissão nuclear também se destina, contudo, a produção de energia em usinas termonucleares.
O jornal norte-americano destaca na reportagem que Lisa Meitner “rejeitou” o apelido de “mãe da bomba atômica”, dado a ela por veículos de imprensa quando o segundo artefato do tipo foi empregado pelos norte-americanos, contra a cidade de Nagazaki, no Japão.
O “New York Times” também destacou as palavras de Katie Hafner, que apresenta um podcast sobre mulheres e a ciência, “Lost Women of Science”. “Há centenas, se não milhares, de mulheres que realizaram algo grandioso na ciência e que simplesmente não foram reconhecidas em suas vidas”, disse.